O Brasil venceu a Taça do Mundo de Voleibol depois de derrotar, na última jornada da prova, o Japão por 3-1.
Os jogadores brasileiros fizeram um torneio excelente e só perderam 4 sets: 3 na 1ª Jornada (derrota por 3-0 com os E.U.A. - único desaire) e 1 na última (precisamente com a selecção nipónica).
Desde que Bernardinho assumiu a orientação da "canarinha", em 2001, o Brasil venceu 21 das 26 competições que disputou.
Em 2º lugar ficou a Rússia e no 3º a Bulgária, que tal como o Brasil vão ao Jogos Olímpicos de Pequim, no próximo ano.
Além do título mundial e do apuramento para as Olímpiadas, os atletas brasileiros receberam mais 3 prémios. Dante foi eleito o Melhor Atacante, Escadinho, o Melhor Líbero e Giba, o Jogador Mais Valioso (MVP).
No final da partida, o melhor atacante da Taça do Mundo, disse aos jornalistas que a selecção brasileira teve de se adaptar "durante a competição" porque "logo na estreia, fomos superados pelos Estados Unidos. Felizmente conseguimos reverter a situação dos oito para os oitenta".
O brasileiro elogiou ainda a selecção japonesa dizendo que "a partida de hoje foi uma das mais complicadas deste Campeonato. Eles sacaram forte, mas quando o nosso time consegue imprimir o ritmo fica difícil de alguém segurar".
Dante tem 27 anos e não começou a sua vida de desportista no Voleibol. Durante alguns anos, mais concretamente entre os 6 e os 12 anos de idade, o jogador praticou Natação. Foi a mãe, Emiliana, que jogou Voleibol nos campeonatos amadores de Itumbiara, sua cidade natal, que influenciou o filho a praticar o mesmo desporto que ela.
Assim, o atacante da selecção brasileira ingressa no clube dos 50: "Aos 13 anos, já media mais de 1,80m e disputei o Campeonato Goiano adulto como Meio-de-Rede. Aí, percebi que tinha jeito para este desporto".
Após uma boa época, já toda a cidade de Itumbiara falava de Dante, que na ano seguinte se transferiu para o Sesi mais por acaso do que por qualquer outra coisa: "Ia apenas acompanhar o teste do meu irmão. Ele era o craque da família. Eu tinha apenas 14 anos, mas acabei fazendo o teste também e fomos aprovados no Sesi. Nos mudamos para Goiânia, mas dois anos depois, o meu irmão desistiu do Voleibol e voltou para Itumbiara. Eu resolvi ficar e, como tinha boa qualidade no Passe e na Recepção, transformaram-me em Ponta".
A estreia do filho de Emiliana na selecção brasileira, aconteceu em 1998, ainda nos júniores. Foi campeão sul-americano e, em 1999, ficou em segundo lugar no Campeonato Mundial da categoria. Apesar dos triunfos a vida dos jogadores não era nada fácil pois "na época, ainda não existia o Centro de Desenvolvimento. Nas categorias de base, ficávamos em alojamentos e tinhamos um banheiro para todos. Cada jogador levava a sua roupa de cama e lavava o uniforme no banheiro. Ganhávamos pouca roupa e usávamos a mesma durante muito tempo. Hoje, o nosso CT em Saquarema oferece aos jogadores tudo do bom e do melhor, o que acho bem. Afinal, todos moram e vivem mais ali do que em casa".
Depois de tantas dificuldades, finalmente chega a glória e as conquistas. Dante ganhou a Medalha de Ouro nas Olímpiadas de Atenas (em 2004) e no Pan (em 2007). Foi Pentacampeão Sul-Americano (em 1999, 2001, 2003, 2005 e 2007), Hexa-Campeão na Liga Mundial (2001, 2003, 2004, 2005, 2006 e 2007), Bi-Campeão Mundial (2002 e 2006), e ainda Bi-Campeão Americano (1999 e 2001). De todos estes título o mais importante para o atacante foi o que ganharam em Atenas: "É claro que o Ouro Olímpico foi o mais marcante".
Apesar dessa conquista ainda estar fresca na memória de todos os brasileiros, o jogador de Itumbiara já pensa em Pequim'2008: "Se eu tiver a chance de ajudar a selecção em Pequim, estarei mais experiente e sabendo o que é a competição, sabendo o que ela exige. É o campeonato mais importante do Mundo. Quem ganha, fica marcado para o resto da vida. Em 1992, eu era criança e não lembro muito bem daquele Ouro em Barcelona. Mesmo assim, tinha noção da importância daquela conquista. O Tande era o meu ídolo".
Recorde-se que em 1992 durante os Jogos Olímpicos de Barcelona, o Brasil ganhava a sua primeira medalha de Ouro nas Olímpiadas, e essa conquista foi tão importante para os brasileiros, que até elegeram o capitão de equipe da altura, Tande, como "herói nacional".
Dante acrescenta ainda que "não são apenas os nomes conhecidos do grande público que eu valorizo. Agradeço muito aos técnicos Teco e Elias, ambos do Sesi, Marquinho Lerbach, meu treinador no juvenil e na primeira Superliga, pelo time de Três Corações, além do Radamés Lattari e de Bernardinho".
Apesar do cansaso já estar presente na voz e na cara do experiente jogador, ele ainda falou da sua "aventura" na Europa: "Atuei por três temporadas na Itália, o que me fez evoluir bastante. Temos de jogar praticamente sem errar. Qualquer falha custa muito. Agora, na Grécia, todos me acolheram muito bem e sinto-me em casa, como se estivesse no Brasil".
A finalizar, Dante falou sobre o seu melhor amigo Rodrigão. Os jogadores já dividem o quarto nos Estágios, desde 1999 e o atacante define o amigo como "bem tranquilo, inteligente e sabe sempre o que faz". Além disso ambos têm "muito em comum" e "nos momentos difíceis falamos sempre, dando força e levantando o astral".
Classificação Final da Taça do Mundo:
1º Brasil - 21 pontos
2º Rússia - 20
3º Bulgária - 20
4º EUA - 19
5º Espanha - 18
6º Porto Rico - 16
7º Argentina - 16
8º Austrália - 15
9º Japão - 14
10º Egipto - 14
11º Coreia do Sul - 13
12º Tunísia - 12
Por João Miguel Pereira, jornalista "Sport Blog"
Foto: O Jogo
domingo, dezembro 02, 2007
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